Em uma montanha. Uma única arvore. Brisa leve, mansa. Sentada.
Cabelos ao vento. O sol se pondo. E, em meio a tudo isso, uma linda borboleta pousa
em minha mão e se coloca a observar o por do sol comigo... Bate levemente as
asas, ameaçando voar para longe a qualquer momento, por qualquer motivo... Um cenário
lindamente perfeito...
Neste cenário, uma velha pergunta bate à porta da minha
mente: o que é a perfeição? Ponho-me a pensar, sem parar de observar a pequena
e indefesa borboleta em minha mão. O sol começando a tocar o mar...
A pequena borboleta começa a caminhar em minha mão parando
em meu pulso, mais uma vez ameaçando me deixar batendo levemente suas lindas e
pequenas asas. Tão linda, porém tão frágil. Percebo que, talvez, um único movimento
mais forte meu poderia mata-la...
Noto que metade do sol já se escondeu. De repente um vento
mais forte sopra e, por um descuido, me movo e minha pequena companheira me
deixa...
Neste exato momento, percebo que minha resposta esteve a
todo o momento ali comigo. A perfeição não existe e a imperfeição também não. Não
existe ausência, nem de defeitos e nem de qualidades. Mesmo naquele cenário perfeito,
a imperfeição estava lá...
A linda borboleta era frágil e indefesa. O maravilhoso por
do sol uma hora iria acabar e meu cenário perfeito já não seria mais tão
perfeito. E descubro, em minha doce e inocência ignorância, que mesmo a perfeição
é imperfeita e a temida imperfeição é perfeita.
A esta altura o sol também me deixou e me deparo com o
perfeito e lindo céu estrelado iluminando a vasta e imperfeita escuridão,
montando mais um cenário perfeitamente imperfeito atrás de mim enquanto vou embora...
Thamyris Cunha
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