segunda-feira, 4 de março de 2013

Desabafo...


Vivemos numa maldita sociedade hipócrita onde todos sabem julgar, mas ninguém quer entender... Colocar a culpa no próximo é a coisa mais fácil que existe no mundo, mas entender a sua parte na responsabilidade e compreender que também tem culpa, ninguém quer...
Ver que alguém está errado e deixa-lo permanecer no erro e ser cúmplice do erro... É ser conivente com aquilo... Se eu quero que algo mude e sei como ajudar na mudança, é meu dever fazer por onde mudar! Se eu vejo algo errado sendo feito e sei como impedir, eu devo impedir!
Mas nossa maldita sociedade prefere abaixar a cabeça quando vê o erro e levanta-la depois para criticar as consequências! Sendo assim, todos nós temos culpa, mas ninguém quer admitir isso... Colocar a culpa no outro é mais fácil!
Infelizmente é um traço cultural depositarmos a responsabilidade de tudo em outra pessoa! Mas nunca paramos pra pensar o que nós estamos fazendo pra mudar essa realidade. Somos assim: se alguém é gentil comigo, eu sou gentil somente com essa pessoa, se não, eu sou um poço de ignorância com essa pessoa e com todas as outras... E fico por ai reclamando que as pessoas são grossas e ignorantes e que ninguém mais sabe ser gentil e entender a situação das pessoas!
Hey! Acorda!! Presta atenção na sua atitude! Ta reclamando que não foram gentis com você, que não te compreenderam sendo grosso e incompreensivo com os outros?? Já parou pra pensar que pode ter sido isso que aconteceu com o outro e que você esta sendo exatamente como aquele que você esta criticando??
Não sei mais ser assim ou aceitar pessoas assim... Sei que ainda tenho muitos defeitos! Que sou hipócrita em alguns pontos! Mas sei que não posso ser perfeita, mas sempre posso tentar melhorar...
Cansei de me calar frente à injustiça e ser conivente com ela! Eu sei que posso e vou tentar ao máximo mudar a realidade!! Fazer a minha parte!! Se eu fizer a minha parte, já estarei feliz!
E se me julgarem e me condenarem como sempre fazem com as pessoas que enxergam essa realidade como eu enxerguei, não tem problema!! Se Jesus não agradou a todos, quem sou eu...

                                                                                              Thamyris Cunha

sábado, 20 de outubro de 2012

crise...

você vive a sua vida, sonha os seus sonhos, sempre prestando atenção no seu caminho...
até que um dia você olha pro lado e vê pessoas realizando os sonhos que você sonhou...
vivendo a vida que você queria viver...
e ai você faz aquilo que você quase nunca faz e olha pra traz...
você olha pra sua vida, olha pro seu caminho, olha pros seus sonhos...
então você percebe que você não cresceu, você não evoluiu...
você percebe que você nunca fez por merecer realizar os seus sonhos...
você chega a achar que não merece nem mesmo a vida que tem...
mas ai você pensa... você olha de novo... você respira...
e então você percebe outra coisa...
os sonhos que você sonhou não se realizaram, mas não por culpa só sua...
a vida que você queria viver não é real, mas a culpa não é sua...
você percebe que você evoluiu sim, mas não como achou que deveria e sim da forma que te fez crescer...
ai você volta a olhar pra frente, a sentir seu presente e projetar seu futuro...
e então, de novo, você percebe que aqueles velhos sonhos ainda moram em você...
só que agora existem outros sonhos, sonhos maiores...
sonhos que você pode realizar, que só dependem de você...
sonhos reais....
e então você torna a olhar pro lado e percebe que os seus velhos sonhos são os sonhos reais daquelas pessoas...
e que você não saberia lidar com a realidade daqueles sonhos...
você volta a olhar pro seu caminho, pro seu misterioso futuro...
e pede a Deus que tudo de certo...
você sorri e volta a caminhar...
volta a caminhar mais leve que antes...
você deixou as sombras do passado no caminho e traz consigo a esperança do novo...
você enxerga com mais clareza e se sente mais feliz...
você agora é outro, mas sem deixar de ser o mesmo...
você agora é livre...

e suas reais fantasias já podem te levar pro futuro que te espera...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

quase fim...

e a muralha acabou caindo...
as rachaduras eram profundas demais...
com remendos demais...
não suportava mais nada...
e agora está no chão...
a dor parece que nuca mais vai sair...
todas as feridas voltaram a sangrar...
as cicatrizes se abriram...
os sorrisos se foram...
e o que era tão especial...
o que fazia tudo brilhar...
perdeu um pouco do brilho...
o mundo se rachou...
a magia parece estar indo em bora...
a luz parece querer se apagar...
a fantasia está se tornando real de mais...
e tudo parece perder o sentido...
a muralha caiu...
a vai demorar a ser reconstruída...
e até lá, a dor vai continuar parecendo que não vai mais sair...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

deixe-me

deixe-me aqui, perdida na minha insana viagem ao mundo fantástico... 
eu jamais pedi que ninguém me tirasse de lá...
eu preciso encontrar o meu próprio caminho de volta...
não quero mais seguir os passos de ninguém...
não sou eu, não é meu, não é como deveria ser...
deixe-me livre para fazer as minhas escolhas...
seguir os meus caminhos...
sorrir os meus sorrisos...
deixe-me... apenas deixe-me...
deixe que eu me perca e me ache...
que eu chore e seque minhas minhas lagrimas...
deixe-me tornar o mundo fantástico em mundo real...
talvez o que é impossível pra você seja possível pra mim...
deixe que eu mesma me encontre dentro de mim...
quando eu precisar de ajuda, pedirei...
minha viagem pode demorar segundos, horas ou anos...
então não me espere retornar...
deixe-me livre... livre...
não queira acelerar minha volta...
talvez eu morra se voltar antes da hora...
ou talvez simplesmente mate meu sorriso...
minha viagem é algo incerto...
não espere encontrar nada...
meu mundo é só meu...
e não foi feito pra agradar ninguém...
eu tentei agradar gente demais, por tempo demais...
mas o meu mundo fantástico??
não fiz para agradar ninguém, nem mesmo a mim...
ele foi feito pra me ajudar...
pra me ajudar a me achar quando o mundo me fizesse estar perdida...
então me deixe ir e não espere minha volta...
apenas deixe-me...
e quando eu me encontrar...
quando eu tiver certeza que sei quem sou...
eu volto... volto como eu...
volto sem máscaras... volto sem personagens...
então deixe-me... deixe-me...
meu espirito precisa voar...
minha alma precisa respirar...
e eu?? eu preciso ser eu...
então só peço que deixe-me...
deixe-me livre!!!
deixe-me aqui, perdida nessa minha insana viagem ao meu mundo fantástico...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

.

Em uma montanha. Uma única arvore. Brisa leve, mansa. Sentada. Cabelos ao vento. O sol se pondo. E, em meio a tudo isso, uma linda borboleta pousa em minha mão e se coloca a observar o por do sol comigo... Bate levemente as asas, ameaçando voar para longe a qualquer momento, por qualquer motivo... Um cenário lindamente perfeito...
Neste cenário, uma velha pergunta bate à porta da minha mente: o que é a perfeição? Ponho-me a pensar, sem parar de observar a pequena e indefesa borboleta em minha mão. O sol começando a tocar o mar...
A pequena borboleta começa a caminhar em minha mão parando em meu pulso, mais uma vez ameaçando me deixar batendo levemente suas lindas e pequenas asas. Tão linda, porém tão frágil. Percebo que, talvez, um único movimento mais forte meu poderia mata-la...
Noto que metade do sol já se escondeu. De repente um vento mais forte sopra e, por um descuido, me movo e minha pequena companheira me deixa...
Neste exato momento, percebo que minha resposta esteve a todo o momento ali comigo. A perfeição não existe e a imperfeição também não. Não existe ausência, nem de defeitos e nem de qualidades. Mesmo naquele cenário perfeito, a imperfeição estava lá...
A linda borboleta era frágil e indefesa. O maravilhoso por do sol uma hora iria acabar e meu cenário perfeito já não seria mais tão perfeito. E descubro, em minha doce e inocência ignorância, que mesmo a perfeição é imperfeita e a temida imperfeição é perfeita.
A esta altura o sol também me deixou e me deparo com o perfeito e lindo céu estrelado iluminando a vasta e imperfeita escuridão, montando mais um cenário perfeitamente imperfeito atrás de mim enquanto vou embora... 



                                                                                         Thamyris Cunha

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Te amo...

Uma lágrima escorreu dos meus olhos sem aparente motivo, porem ao tocar em meus lábios algo pulsou mais forte em mim e provocou certa dor... 
E nesse exato instante, outra lágrima escorreu, mas essa passou direto de meus lábios e pingou em meu peito, na direção de meu coração...
Nesse momento meu peito pulsou mais forte, a dor aumentou  e as lágrimas continuaram insistindo em fugir de meus olhos...
Depois de horas chorando, ainda não sabia o real motivo de minhas lágrimas, mas derrepente tocou aquela música, a nossa música...
Levantei meu rosto e vi sua foto, foi ai que descobri porque eu chorava, porque meu peito doía e porque, as vezes, me sinto perdida...
Descobri que cada segundo longe de você dói em mim e apesar de saber que você me ama, sinto medo de te perder, medo de acordar um dia e você não estar mais comigo...
Descobri que os erros que cometi contigo no passado ainda me atormentam e que, mesmo sabendo que você me perdoou, eu sinto medo de você ainda sentir alguma magoa...
Descobri que tenho medo de meu jeito um dia te irritar e você se cansar e me deixar...
Descobri que tenho medo de você achar alguém melhor que eu...
Descobri que, mesmo tentando ser forte, eu sou fraca...
Descobri que o amor que sinto por você e maior que tudo que existe em mim e me faz ter medo, medo de tudo...
Descobri que eu preciso estar com você a cada segundo da minha vida...
Descobri que simplesmente te amo do modo mais intenso que posso...
Então aquela dor se transformou em algo que não posso, não sei explicar... 
Algo que ainda dói, mas não me faz chorar, me faz querer lutar por você...
Me faz querer ser sempre o melhor que você pode ter...
Me faz querer sempre o melhor para você, mesmo que essa melhor não seja eu...
Mas tenha certeza, irei lutar cada segundo de minha vida por você, irei redimir todos os meus erros, terei coragem e força para enfrentar todos os desafios e, principalmente, irei te amar até o ultimo segundo de minha vida!!!
E tudo isso porque eu te amo, porque você me ensinou a te amar pura e verdadeiramente...
Te amo. Simples assim...
                                                                                              Thamyris Cunha.








desculpem-me os erros... e a demora...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Discurso na Universidade de Stanford

Você tem que encontrar o que você ama
Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.
Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro."
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.
Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.
Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.
Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.
Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.
E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.
Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale do Silício.
Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.
A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.
E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.
Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.
Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.
Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último." Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.
Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.
Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.
Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
"Continue com fome, continue bobo."
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.



                                                         Steven Paul Jobs 24/02/55 - 05/10/11